Eu quero um emprego desses!!!!
Pelo menos quatro vezes por ano, um time de dez mulheres se reúne em um
escritório do Paraíso, em São Paulo. São especialistas em marketing e moda,
funcionárias da Mundial, fabricante dos esmaltes Impala. Sua missão? Criar nomes
para as cores das novas coleções.
O mesmo acontece em Diadema, com frequência semelhante, mas em outra empresa,
a Aeger, que licencia o nome e fabrica os esmaltes da modelo e apresentadora Ana
Hickmann. Ela mesma participa da reunião da qual saíram nomes como "Arrasou!",
"Tudo ou Nada" ou "Jasmim dos Poetas".
Cada coleção - todo fabricante lança no mínimo duas todos os anos - tem pelo
menos seis cores diferentes. No catálogo da Colorama, da L'Oréal, por exemplo,
há 183 cores. Como são pelo menos cinco grandes fabricantes nacionais, a
profusão de matizes é enorme e criar nomes diferentes é crucial para diferenciar
as nuances.
"O nome deve ser curto, em português ou com palavras populares em inglês.
Pode ou não ter ligação com a cor, mas precisa passar a mensagem da coleção e
gerar identificação com o público-alvo", diz Denise Joerges, gerente de
marketing da Aeger.
O trabalho começa um ano antes do lançamento com pesquisas que definem as
tendências de moda, explica Soraia Arraes, gerente de marketing da Impala,
terceira maior do País. "Não olhamos só o que vai ser moda, mas as emoções
dominantes no momento", diz.
Recentemente, conta a executiva, a Impala detectou que as consumidoras
queriam ter mais calma e tempo em suas vidas. Esse, então, foi o mote da coleção
"Trem da vida", com cores como "Caixa de Música" e "Deitar na Rede". "Esmalte é
uma compra emocional", justifica.
A identificação - nesse caso emocional - pode acontecer também por
proximidade. Uma coleção de cores fortes e metalizadas para adolescentes, por
exemplo, ganhou nomes como "#ficadica" e "#bjomeliga", conforme se escreve no
Twitter. "O mais importante é a cor, mas os nomes promovem a coleção", diz a
gerente da Impala.
Em 2010, lembra ela, uma linha de cores cítricas foscas foi batizada de
"MatteFluor": fluor de fluorescente e matte do inglês fosco. O nome "clubber"
colou tanto que ajudou a dobrar as vendas da marca. Foi preciso até criar um
turno a mais na fábrica.
Erro. Mas nem sempre o nome dá certo. "Nomes com erro de grafia, como 'Aurora
Boreau', da Top Beauty,e 'Pinck', da Tock, podem sabotar uma coleção", diz
Eveline Castro, do blog Tudosobreesmaltes.com. Ela, porém, aponta mais acertos
que erros. "Às vezes a cor nem é tão bonita ou inovadora, mas dá vontade de
comprar só por causa do nome."
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,a-historia-por-tras-dos-nomes-de-esmaltes-,861619,0.htm